
Em 6 de setembro de 2018 o deputado federal Jair Bolsonaro sofreu um atentado durante um comício que promovia sua campanha eleitoral para a presidência do Brasil. Enquanto era carregado em meio à uma multidão de apoiadores, o deputado sofreu um golpe de faca na região do abdômen desferido por Adélio Bispo de Oliveira.[1] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Atentado_contra_Jair_Bolsonaro
Neste momento, a campanha presidencial no Brasil tomou um rumo imprevisto e inédito na história política do pais: o candidato mais improvável, Jair Bolsonaro, vitimizou-se e sem comparecer aos debates e nem expor qualquer plano de governo consistente, elegeu-se, derrotando todas as outras forças políticas progressistas do país.
O seu eleitorado foi estimulado a acreditar que a facada foi um atentado planejado e organizado pelas esquerdas e pelas forças poderosos do mal, que não desejavam as mudanças representadas hipoteticamente pelo Capitão ou Mito, conforme passou a ser idolatrada a partir deste episódio.
As forças políticas adversárias caíram na tática bolsonaristas, elaborando e divulgando outra teoria conspiratória, pela qual a facada não existiu de fato e foi uma armação do candidato para tirar proveito eleitoral, um erro.
A guerra de versões só favoreceu Bolsonaro, uma vez que a verdade passou a ser um mero detalhe e as investigações decisões sobre o caso e ficaram sob suspeita e sempre na prateleira para ser usada como uma arma secreta.
Bolsonaro gostou tanto da facada e da teoria conspiratória, que continua usando-a para espalhar mentiras e acender o fogo das conspirações comunistas ou de golpes contra o seu governo urdidos por políticos corruptos.
Adélio Bispo e a facada voltaram a ribalta da política, na última semana, quando o Presidente da República, fez uso novamente do fato para justificar a demissão do Diretor Geral da Polícia Federal e a saída do Ministro da Justiça, o mais popular do seu governo, acusado pelo PT de ter manipulado a operação Lava Jato, com ilegalidades processuais, para prejudicar a candidatura de Lula e permitir a eleição do atual Presidente.
Bolsonaro diz que a PF e o Ministro da Justiça deu mais importância as apurações do caso Mariele (caso ainda em aberto e sem os mandantes alcançados) do que em descobrir quem organizou e pagou para que Adelio Bispo cometesse o atentado, não fazendo de conta que acredita na versão oficial do “Lobo Solitário” e da incapacidade mental do criminoso.
O que há de verdade no caso das apurações da facada e do processo de investigação e das decisões judiciais?
Adélio foi preso em flagrante pela Polícia Federal e conduzido para a delegacia central da cidade.[5] Após investigação a polícia concluiu que Adélio agiu sozinho no crime, sem ser orientado por um mandante.[6] Em junho de 2019, a prisão preventiva de Adélio foi convertida em uma internação por tempo indeterminado na penitenciária federal de Campo Grande no Mato Grosso do Sul.[7] A faca utilizada no atentado foi coletada pela Polícia Federal e atualmente está em exposição no museu da corporação em Brasília.[8] Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Atentado_contra_Jair_Bolsonaro
As investigações da PF chegarão a conclusão de que Adélio Bispo agiu sozinho, motivado pelo clima de ódio e inspirado por crenças em uma missão de divina para combater o mal.
O inquérito tombado e acompanhado pelos advogados de Jair Bolsonaro, foi encaminhado ao Poder Judiciário, que realizou todas as provas e contraprovas, incluindo o laudo de sanidade mental do acusado, sem que a acusação e os advogados do Presidente Bolsonaro contestassem, para afinal, a Justiça emitir sentença penal, considerando o réu inimputável, por completa insanidade mental.
Decisão que cabia recurso, mas que os advogados do Senhor Presidente resolveram não recorrer, conformando-se com o resultado do julgamento, situação esta admitida publicamente por Jair Bolsonaro.
O advogado de Adélio Bispo, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, após nova declaração absurdo do Presidente da República, emitiu nota repudiando o uso político de um versão mentirosa:
“Referido corpo técnico acusatório assistencial concordou tanto com o que foi apurado, no tocante à higidez mental do Sr. Adélio, quanto à motivadora singular do crime. Ainda, anunciou seu conformismo com a decisão absolutória imprópria, vez que desta decisão não interpôs qualquer recurso, mesmo motivado processualmente para tanto, tendo inclusive o ilustre presidente anunciado publicamente sua resignação”, afirma.
O episódio e tantos outros, mostra que o Presidente da República, embora cite constantemente o Evangelho de São João, não tem compromisso algum com a verdade e se utiliza de mentiras para atingir seus interesses e tirar proveito político, sem qualquer escrúpulo, como fez recentemente ao chamar a pandemia de uma gripezinha.
Até quando Bolsonaro continuará a mentir, confundir povo brasileiro e seguir se aproveitando do poder do cargo para proteger milicianos, pastores oportunistas e negociantes de ativos do país?
Embora a mentira seja mais rápida que a verdade, correndo léguas pelas vias digitais, isto tem prazo para acabar, pois é sempre a verdade que vence no final da história. Porém, este prazo pode ser abreviado se os bons se juntarem em torno de uma um projeto consistente de nação.