Bolsonaro é o capitão da mentira e do caos

“um bom político é um sujeito que vai dizer uma série de coisas verdadeiras antes de começar a dizer uma serie de coisas falsas, porque assim vocês vão acreditar em tudo o que ele diz, verdades ou mentiras”

Finkelstein

O Presidente da República é um mentiroso contumaz. Usa das mentiras, as espalhas pelas redes sociais, incluindo as fake news, como instrumento político, seguindo as estratégias elaboradas por engenheiros do caos, chamado de “gabinete da maldade”, pela ex-aliada, a deputada Joice Hasselmann.

Jair Bolsonaro tem espalhado noticiais e versões falsas desde a campanha eleitoral até hoje, quando está em pleno exercício de primeiro mandatário do país.

O ainda candidato, se beneficiou dessa estratégia, enganando a boa-fé de muitos, instigando o ódio e conduzindo toda essa energia negativa como arma na direção de seus adversários, unido grupos extremistas em uma mesma direção.

Para isso, contou com grande ajuda dos algoritmos das redes sociais, de perfis falsos e de distribuição de mensagens em massa, usando para isso os rôbos.

Na presidência, quando se tinha a expectativa que o peso e a responsabilidade do cargo de chefe do Executivo de um país gigante, importante economicamente, embora desigual e diverso, o faria mudar de postura, Bolsonaro, ao contrário, passou a usar da mesma estratégia, agora com apoio da máquina e uso de informações estratégicas, colhidas em razão do cargo, como joguete política, mentindo e se desmentido sem qualquer responsabilidade.

Na campanha eleitoral, usou da distribuição das mensagens em massa para espalhar fake news e publicizando versões duvidosas sobre fatos verdadeiros, alterando o humor do eleitor brasileiro e disso tirando larga vantagem nas urnas.

O fato marcante dessa estratégia, no limite do cometimento de crime eleitoral, foi o caso da facada desferida por Adélio Bispo, que na versão oficial, apurada por investigação idônea, com laudo e sentença, concluiu que um pessoa sofrendo das faculdades mentais, agiu sozinha, alucinada e motivada pela carga de ódio que tomou conta da campanha, beligerância estimulada pelo próprio candidato, que atacava grupos minoritários, defensores de causas identitárias, o politicamente correto e ainda defendia armar a população.

O candidato Bolsonaro, que já construira antes a versão de que era preciso derrotar as esquerdas, comunistas, que desejavam implantar uma ditadura no país, trabalhou a facada como parte dessa narrativa das esquerda para tirar-lhe a vida, impedindo que um justo, um defensor da família, da religião, da “verdade”, salvador do país, mito, e por ai vai, chegasse ao poder e limpasse o Brasil da corrupção e dos “malditos esquerdistas e gaysistas”.

Quando recebeu a facada, Bolsonaro usou-a como pode, construindo a versão com mandantes, financiadores, planejadores e todo uma execução sofisticada. Mesmo sabendo que isso é mentira, o agora Presidente repete-a mil vezes para que ela ganhe a força da verdade, ousando citar em vão o Evangelho de São João: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Desde o primeiro dia que assentou-se à cadeira do Palacio do Planalto, Jair Bolsonaro, não parou um dia sequer de mentir, de construir moinhos de ventos como inimigos e criar crises políticas. Uma crise substitui a anterior e segue sua estratégia de manter unidos os extremistas.

Brigou com a China, com os árabes, com os franceses, parceiros comerciais importantes para o país. Rompeu com a Alemanha e com a Noruega, afastando do Brasil dois importantes parceiros no combate ao desmatamento da Amazônia.

Demitiu o diretor do INPE para negar os dados do desmatamento. Atacou as ONGs e o Cacique Raoni. Criou intriga com o Congresso Nacional e com o STF. Rompeu com o PSL, partido pelo qual se elegeu, comandando ataques ao presidente Luciano Bivar. Isto para relembrar alguns episódios e estes não são todos.

Os ataques a Noruega tem grande repercussão econômica, que não cessarão e seguirão prejudicando o país.

Os dois últimos episódios e que não serão os derradeiros (justamente por estarmos diante de uma pessoa que usa a mentira e as crises para obter vantagens políticas), o Presidente derrubou dois Ministros em pleno voo: o Ministro Mandetta, que comandava a reação do país contra uma pandemia e o Ministro Sergio Moro, o símbolo do combate a corrupção, ao crime organizado e que vinha obtendo sucesso com os índices de violência.

Na demissão do Ministro da Saúde a motivação foi a divergência quanto aos procedimentos em relação ao tratamento da COVID-19, Mandetta seguiu os protocolos científicos e se recusou contrariá-los.

Quando todos pensavam que tínhamos chegado ao auge das crises só em relação a pandemia, Bolsonaro demitiu seu Ministro da Saúde e agora desautorizou o novo, o recém nomeado, Nelson Teich, ao liberar atividades não essenciais com o carimbo de essencial, pelas costas do titular das ações de prevenção sanitária.

No caso do Ex-ministro Mouro, a demissão foi motivada pela insistência do Presidente da República em querer interferir na Policia Federal, uma instituição de estado, sob a justificativa de proteger seus familiares e querer ter acesso a relatórios internos de investigações.

Moro se demitiu e denunciou o Presidente da República, no processo de apuração, requisitou como uma das provas o vídeo da reunião ministerial, onde o Bolsonaro explicitamente demonstrou sua disposição em interferir na Policia Judiciária, ameaçando de demissão quem não lhe atendesse os desejos.

O conteúdo do vídeo prova aquilo que declarou o ex-ministro Moro, mas o Presidente usa a estratégia de Finkelstein para confundir e implantar sua narrativa, embora os fatos favoreçam a versão de Moro.

Um trecho da entrevista do Engenheiro do Caos citado acima, ajuda a entender o comportamento de Bolsonaro:

“é que ninguém sabe nada. Em política, o que você percebe como verdade é que é a verdade. Se eu digo a vocês que é um prazer estar aqui, porque deixei Boston onde estava nevando e agora estou em Praga, onde o sol brilha, vocês vão acreditar. Porque vocês sabem que hoje, aqui, está fazendo um dia bonito. Se, ao contrário, eu digo que estou triste de estar aqui porque deixei Boston sob o sol forte e em Praga está nevando, vocês não vão acreditar, porque basta olhar pela janela e acreditar que está nevando em Boston porque eu mento a vocês sobre Praga.”

O político Bolsonaro e seus “meninos olavistas” tentam adaptar para o Brasil o novo receituário político criado por figuras como o italiano Gianroberto Casaleggio, que comandou a acensão política do comediante Beppe Grillo e o Movimento 5 Estrelas; de Domminic Cummings, diretor da campanha do Brexit; de Steve Bannon, o estrategistas que conduziu Donald Trump a vitória nos EUA e sonha em fundar a Internacional Populista; de Milo Yiannopoulos, o blogueiro nacional-populista que adota um estilo transgressor em sentido oposto: quebrar os códigos das esquerdas e do politicamente correto; e Arthur Finkelstein, um judeu homossexual de Nova York que se tornou o mais eficaz conselheiro de Viktor Orban, primeiro ministro húngaro, o porta-estandarte da Europa reacionária.

Para estes “Engenheiros do Caos, o “jogo não consiste mais em unir as pessoas em torno de um denominador comum, mas, ao contrário, em inflamar as paixões do maior número possível de grupelhos para, em seguida, adiciona-los, mesmo à revelia, Para conquistar uma maioria, eles não vão convergir para o centro, e sim unir-se aos extremos”

Os Engenheiros do Caos/Giuliano Da Empoli; tradução Arnaldo Bloch – 1 ed, Vestígio.

O dois senões para o sucesso dessa estratégia é que Bolsonaro é tosco e, por estarmos no Brasil, aqui tem um povo acostumado a vencer os algozes, empregando artimanhas e sutilezas que só o brasileiro sabe manejar.

José Carlos lima da Costa. Foi Chefe da Casa Civil do estado do Pará, deputado estadual, é advogado e consultor ambiental.

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