Segundo o governo, 73,2 mil militares ativos, inativos, de carreira, temporários, pensionistas, dependentes e anistiados receberam o auxílio emergencial de forma ilegal, destinado a trabalhadores informais afetados economicamente pela pandemia do coronavírus e terão que devolver os valores, que serão descontados em contracheques, caso não façam a devolução voluntária.
O evento é grave, pois estes militares receberam dinheiro público ilegalmente, cometendo crime em um momento que o país passa por uma pandemia e precisa de receita para atacar o problema da saúde e do emprego, ao mesmo tempo.
O Presidente da República tentou minimizar o fato, alegando que não eram militares, mas prestadores de serviço militar e ainda justificou a atitude com base nas condições econômicas dos envolvidos, esquecendo que durante a campanha, por diversas vezes proferiu a infame sentença de morte, bandido bom é bandido morto: “Não fala militares, não. É o praça prestador do serviço militar inicial”.
Mas os levantamento do próprio Ministério da Defesa contradizem Bolsonaro, pois está provado que não foram apenas os praças pobres que receberam o auxilio emergencial.
Bolsonaro diz que militares que receberam auxílio emergencial são ‘jovens do serviço obrigatório’
O fato serve de lição para aqueles que defendem que os militares no poder limpariam o Brasil da corrupção. Militares são seres humanos e, como tal, cometem falhas, abusos, crimes, etc. Assim como padres, pastores, políticos, etc, falham e podem até ser passivos de cair em pecados e corrupções.
O remédio para evitar que as falhas humanas, individuais ou coletivas, prejudiquem o país ou a igreja é fazer funcionar sistema de controles efetivos, de ressocialização e de punição justa. As igrejas usam seus sistemas da busca pelo arrependimento, mas os estados precisam que os poderes funcionando em independência e harmonia, de sistema de controle e de leis justas.
O nome disso é democracia, sem um estado democrático de direito e instituições fortes, não poderemos encontra a paz social.
Na última ditadura que vivemos no Brasil, os primeiros militares que chegaram ao poder, apoiado em parte pela elite rica, haviam pensando em ficar por pouco tempo no comando do país, arrumar a casa e depois entregar o poder ao povo através do voto. Ficaram 21 anos e acumularam muita corrupção, enfraqueceram as instituições, dilaceraram o tecido social, endividaram o país e deixaram heranças que até hoje ainda estão insepultas ou em sepulturas clandestinas.
No dia 19/05, os partidos de centro esquerda, PV, REDE, PDT e PSB, farão uma Live denominada “Janelas Pela Democráticas”, o momento é oportuno e tema está requisitando nossa atenção. Quanto mais democracia, melhor. Acompanhe o evento pelas nossas redes sociais. O convite está aqui.

José Carlos Lima da Costa é advogado, consultor ambiental, diretor da Fundação Verde Herbert Daniel, foi Chefe da Casa Civil e Secretário de Estado de Promoção do Governo do Pará.