
A política de drogas mudou para tratar o usuário diferente do traficante, mas isso não alterou a realidade do encarceramento no país. A população carcerária brasileira em 2019 era de 758.676, dos quais 30% por tráfico de drogas.
O grande traficante não anda por ai com papelotes ou trouxinhas de crack. A polícia prende o avião, a mula ou a mulher do viciado, presa em dia de vistas ao presidio.
Os elementos para prisão por tráficos são, a materialidade, dada pela droga apreendida; as circunstâncias: como local, atitudes, tipo do sujeito e a palavra da autoridade policial. Pronto, está feito o conjunto da obra para encarcerar pobre, preto e mulheres de periferia.
No caso das mulheres presas por tráfico de drogas é bom ouvir o que nos alerta a socióloga Julita Lemgruber, no Encontro Nacional de Encarceramento Feminino:
Julita Lemgruber – socióloga
“Essas mulheres desempenham papel secundário no tráfico; muitas vezes são flagradas levando drogas para os companheiros nos presídios. Elas não representam maiores perigos para a sociedade e poderiam ser incluídas em políticas de reinserção social”
“Além disso, quando o homem é preso, os filhos ficam com suas mulheres. Mas quando a mulher é presa, geralmente o companheiro não fica com os filhos, que acabam sendo penalizados e passam a ter na mãe um referencial negativo. Essa é uma situação que tem tudo para reproduzir a criminalidade, já que essas crianças poderão seguir o mesmo caminho que os pais”, analisou a socióloga.
A direita brasileira fixou seu ponto de vista em uma única política voltada para prisão e não aceita o debate de outras alternativas que vem sendo experimentada em diversos países . No caso das drogas, reduz tudo a uma acusação genérica, leviana e irresponsável contra todos que se opõe a política atual, como se fossem de esquerda, libertinos, que desejam liberar cocaína e maconha para destruir as famílias.
Vamos escancarar este debate e buscar novas soluções para o problema das drogas no Brasil? O debate será na quinta-feira, dia 26/11, as 19h30 e os links para quem deseja contribuir com o tema estão ai em baixo: