A fraude à democracia está nas regras e não na urna eletrônica

Artigo publicado em O Liberal de 13/06, Opinião.

O eleitor brasileiro não sabe votar ou vota sem saber as regras do jogo político?

Qual dessas alternativas você marcaria como a certa?

Primeira: O brasileiro bem que tenta acertar nas suas escolhas, mas o jogo é bruto e as regras eleitorais nunca são claras, aliás propositalmente afastam o povo da política.

Segunda: Os nossos eleitores também dispõem de pouca percepção sobre sua própria realidade, quase nenhuma informação sobre os candidatos, seus partidos, suas vidas pregressas, seus planos e propostas.

Vamos entender.

A transparência necessária não chega nem aos pés do que dispõe o público do reality Big Brother Brasil. O povo, ali, sabe de tudo e vê expostas a personalidade e as intenções de cada um dos participantes.

Os políticos brasileiros mudam as regras para cada eleição a fim de tornar o jogo inatingível para o povo. E quando o povo está aprendendo como as regras funcionam, o Congresso Nacional faz uma reforma que mais parece um remendo novo em roupa usada.

Para as eleições de 2022, a regra proíbe coligações para deputado estadual e federal, obrigando os partidos políticos a construírem chapa própria. Também o tempo de propaganda e financiamento são proporcionais ao número de deputados federais eleitos no pleito anterior. Ainda deveria saber o eleitor que para ter acesso à primeira cadeira o partido precisa atingir o quociente eleitoral que não atinge esta meta deve esperar para ver se entra nas sobras.

O eleitor não sabe como funcionam os partidos políticos e não se chega a um cargo eletivo se não for por meio de um partido.

A combinação dessas regras, o acesso que determinados partidos têm às máquinas eleitorais, sejam públicas ou privadas, somados aos esquemas provenientes de relações de trocas de interesses, impede que o eleitor consiga escolher livremente quem deseja ver eleito.

O processo eleitoral brasileiro é tão estranho, que a maioria dos eleitores não se sente representada pelo legislativo e/ou executivo, anunciado como resultado das urnas.

A culpa disso não é das urnas eletrônicas, que são apenas impulsos eletrônicos, transformados em números. A fraude não está na urna eletrônica, está no conjunto das regras e acontece antes que o eleitor digite o número do candidato que deseja escolher.

Na próxima eleição, os atuais deputados se manterão nos cargos e os poucos derrotados, o serão pelos seus próprios colegas, durante a montagem das chapas, no cerco aos redutos eleitorais, na cooptação de apoiadores, na falta de recursos financeiros e não pelo voto popular, pelo desejo livre e soberano do verdadeiro dono do poder, o povo.

Derrotar os pequenos partidos e os partidos de causas que não são bem-vindos por desejarem tornar o poder ao seu verdadeiro dono, parecer ser o alvo dessas reformas.

Este jogo só pode ser mudado se o povo desejar, as redes sociais podem ser grandes aliadas na disseminação de boas informações e no combate aos maus políticos.

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