Vereadores de Belém, sem consultar os interessados, sem a menor transparência e descumprindo a própria Lei Orgânica, votaram a mudança de nome de duas ruas da cidade. Uma foi a Rua Treze de Maio, que agora, caso não haja contestação e nem veto, se chamará Rua Zeno Veloso. A outra que mudou de nome foi a Rua Municipalidade, que agora passará a se chamar Augusto Rezende.
Não quero desmerecer os homenageados, acredito que devem ser lembrados, mas tem tantas formas de se fazer referência a estes dois belemenses sem desfigurar aquilo que já está consagrada e que tem importância histórica muito relevante.
As mudanças, por estarem na região tombada da cidade, são ruas que não podem ter suas denominações alteradas, nem por lei, o que torna a decisão ilegal.
Outras ruas, da época de Belém Império, tiveram nomes mudados ao longo dos anos, como foi o caso da primeira rua aberta na cidade, a Rua do Norte, que hoje chama-se Siqueira mendes, menos a Rua Municipalidade que resistiu até este momento triste, por uma insanidade legislativa.
No caso da Rua Treze de Maio, a mudança ofende muito mais.
Esta rua tem esta denominação para marcar um passagem da Cabanagem: “A investida definitiva do Império chegou em Belém em maio de 1836, sob o comando do brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa. Do dia 13 de maio, após enfrentar as resistências que encontrou pelo caminho, ele consegue tomar Belém, e os cabanos, já enfraquecidos, são derrotados e duramente reprimidos.” (https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/cabanagem.htm)
O topônimo serviu para marcar a derrota dos cabanos e a vitória do Império sobre a maior e mais importante revolução popular do país. A rua também foi escolhida, por nela morar o comandante cabano Eduardo Angelim. Queriam com isso humilhar os derrotados. Angelim tem uma única homenagem na nossa cidade, uma Praça que fica no querido bairro da Sacramenta.
Se a área não fosse tombada e se as pessoas interessadas concordassem, a mudança mais justa seria chama-la de Rua Eduardo Angelim, mesmo assim a homenagem ainda seria discutível.
Espero que o prefeito Edmilson Rodrigues corrija essa decisão inconsequente dos parlamentares e vete os projetos de lei. Caso isso não aconteça, apelo para OAB, Instituto Histórico e Geográfico, o IPHAN e o Ministério Público. Alguém precisa agir e mostrar para os senhores parlamentares que tudo na vida deve ser feito com respeito as leis e as tradições.
Cabe veto sobre essa decisão? Foi consenso?
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