Começo este artigo com as palavras de Dalcídio Jurandir “O São Brás, sim! Aquela prima obra de arquitetura. “românica”, como diziam os cronistas oficiais. Um da oposição debicava: “Um estrangeiro culto diria: Éum partenon? Uma universidade? Um teatro? Formosa arquitetura!. Construiu-se o edifício para o Mercado. Não se criou o Mercado!”
Ao ver o estado de abandono do complexo Mercado de São Braz, penso no seu Virgílio Alcântara, personagem do poeta, no livro Belém do Grão Pará, lemista, morador da Gentil, 160, seu primeiro chefe e administrador. a decepção dele é a decepção dos belemenses.
Aquela prima obra de arquitetura se acabando a olhos vistos é o retrato triste dos atuais governantes paraenses, incompetentes para manter em pé e funcionando as boas heranças recebidas dos antecessores. No presente nada fazem e ainda comprometem o futuro, endividando o estado e deixando os próximos administradores sem receitas para investimentos.
Quero usar aqui as palavras do meu amigo urbanitário, José Willians de Souza Santos sobre o Mercado:
“Boa tarde, amigo Zé.
Como você sabe, o complexo Arquitetônico de São Braz compreende a Praça, o mercado, os dois quiosques, a praça de alimentação e o mercado de carne e pescados.
Receio que o franco descaso com esse importante patrimônio público possa comprometer a integridade do acervo, uma vez que já não temos mais as estátuas e não é improvável o furto dos portões e outras partes, descaracterizando a arquitetura.
Penso que o poder público municipal deve promover a plena recuperação desse complexo arquitetônico, mantendo as linhas originais, resgatando inclusive a cor original das instalações prediais.
A urbanização correta de vias no entrono, mais a revitalização desse logradouro poderia impulsionar a criação de emprego e renda, ser transformado num polo de atração turística com funcionamento 24 horas, por exemplo.
A valorização de imóveis e empreendimentos circunvizinhos permitiria, inclusive, a atualização do IPTU, potencializando valoroso retorno ao erário público municipal.
O que falta?”
O Mercado de São Braz foi privatizado para empresa Roma Incorporações, até aqui nada foi feito, dizem que o processo está judicializado, mas o que falta é a transparência e a vontade política de resolver.
Enquanto nada for feito, o complexo se deteriora a cada instante e assim vamos perdendo patrimônios e histórias.
A família do seu Virgílio, por causa das brigas políticas que se arrastam sem fim neste Pará rico, teve que se mudar da Avenida 22 de Junho para a baixada da Gentil, empobreceu, perdeu o conforto e um pouco da dignidade. Belém é o nosso Virgílio, definhando a cada disputa eleitoral.