O Pará, apesar de ser fornecedor nacional de energia, possuindo as duas maiores hidrelétricas nacionais instaladas em seu solo, retirando dos seus rios a força geradora, paga uma das tarifas mais caras do país. Cada quilowatts de energia consumida custa aos paraenses R$ 0,7032, enquanto que o consumidor nortista paga em média R$ 0,601 pela mesma energia.
O Pará perdeu o bonde da história quando os seus governantes não souberam ou não quiseram negociar melhores condições na oportunidade que lhes foi aberta por força de lei.
Quando a União Federal, através da Eletronorte, por força da legislação, necessitava do aval do estado para construir a UHE de Belo Monte, o Estado não apresentou seus pleitos em beneficio do povo paraenses. OAB Pará se posicionou e requereu que a governadora Ana Júlia exigisse respeito e contrapartidas.
Dentre as contrapartidas sugeridas pela Ordem dos Advogados estava a de que o Pará foi possuidor de uma ação de ouro, também conhecida como golden share, no Consórcio Norte Energia, que daria ao estado o poder de veto nos destinos da empresa, a disponibilidade de parte da energia produzida, que seria usada para alavancar o desenvolvimento do Pará e a obrigatoriedade da União investir no desenvolvimento da região do Xingu, com vista a amenizar os impactos socioambientais advindos da obras.
A governadora Ana Júlia preferiu outros caminhos, apostando no que nunca se concretizaria, incluindo tentar enfraquecer a Vale, achando que a sua concorrente, Alcoa, que seria beneficiada com a energia produzida para verticalizar o alumínio em solo paraense, desconhecendo completamente o mercado mundial desse produto. A Vale, no final de tudo, com a desistência da Alcoa, entrou no Consorcio Norte Energia e se beneficia da UHE de Belo Monte.
Na atualidade, o Pará, através de seus representantes em Brasília, deixaram de lado os interesses estaduais e passaram a viver de emendas parlamentares e indicações de cargos de terceiro escalão, visando apenas a próxima eleição e a conquista de um novo mandato.
O povo, se quiser outro destino, deve saber que a saída é política e depende de suas escolhas eleitorais. Sem representantes dignos e comprometidos com a próxima geração, o Pará será sempre um estado rico com povo pobre.