Todos os dias, barcos carregados de peixe atracam no Ver-o-peso. A revelia dos poderes constituídos, que dormem a sono solto, um comércio frenético se forma na madrugada. De um lado os donos das geleiras. Do outro, os compradores e seus caminhões frigoríficos. Entre os dois, fazendo a ponte, os balanceiros. O que sobra deste frenesi, abastece o mercado interno.
Quando o dia amanhece e os políticos paraenses acordam, o cenário, depois do estoque pesqueiro negociado, com os filhotes, pescadas amarelas, douradas, tambaquis, ganha as estradas, em busca do mercado nacional, o que fica é o caos, a sujeira, os buchos e as vísceras, que fazem a festa de garças e urubus.
O minério, a soja, o cacau, a energia e tantas outras riquezas paraenses, seguem o mesmo caminho, deixando para trás o Pará pobre, desigual, violento, com os piores índices sociais do país.
Os nosso líderes, associam-se a este modelo explorador e dele ganham o poder político e o mantém com populismo, com o uso excessivo de propaganda de cunho pessoal, desinformando e mentido.
O Ver-o-peso, pela manhã, além das graças e urubus, simboliza o fracasso desta política atrasado, que rouba o futuro de nosso povo, mantendo quase que eternamente o ditado: Pará é rico, com um povo pobre.