
Ônibus lotado, quente, barulhento, desconfortável, sem pontualidade, queimando parada. Tem mais? Ainda tem vendedores, assedio sexual, viagem interrompida por defeito mecânico, sujeira, possibilidade de roubo ou mesmo assalto…
Esta é a realidade de quem usa transporte público na Região Metropolitana de Belém e nos grandes municípios do Pará.
A ausência de um transporte público eficiente, causam muitos outros males a sociedade. Para exercer o direito de ir e vir as pessoas se obrigam a outras formas de locomoção. As vans, a moto e o automóvel usado em profusão, complicam o trânsito, provocando estresse e muitos acidentes. Na região metropolitana de Belém acontece dois acidentes de trânsito a cada uma hora, muitos com vítimas, provocando um custo enorme ao SUS.
O transporte público é um direito essencial de qualquer pessoa que mora em cidade, mas no Pará, por envolvimento político dos proprietários de empresas prestadoras com quem deveria controla-las, aliado a incompetência dos operadores e autoridades, impede que o sistema público avance e alcance o que já existe em outros países.
Pode ser diferente?
Claro que pode. Tecnologia já existe para melhorar o sistema público de transporte. Experiências excelentes já funcionam e podem ser copiadas.
O Governo do Pará contratou com a agência japonesa JICA um estudo sobre o nosso transporte público e está empresa entregou uma planejamento, com financiamento, que se fosse levado a cabo, o povo do Pará já estava usufruindo de ônibus confortáveis, com ar condicionado e totalmente controlado por sistema tecnológico remoto, que diagnosticaria em tempo real o defeitos para corrigi-los a tempo de servir melhor o usuário.
O BRT, depois da Jica, foi a aposta e seria um caminho muito bem escolhido, caso não tivéssemos por aqui a pior classe político do país. Eles são capazes de tudo, inclusive piorar o que já é ruim. O BRT no Pará é o mais caro e mais ineficiente do país.
Agora mesmo, a empresa Odebrecht, que venceu a licitação para construir o BRT metropolitano, desistiu após detectada 59 erros que inviabilizam o projeto. O caso é grave, mas passou desapercebido da grande imprensa e até agora não tem manifestação por parte do Governo sobre a correção dos erros.
Vão apenas trocar a empresa e seguir fazendo a obra com todos os erros apontados?
A corrupção neste setor é um elemento a ser combatido. Em 1998, quando me candidatei a deputado federal recebi um proposta financeira para apoia-los, recusei, denunciei e fui punido com a derrota eleitoral. Não me queixou. A derrota eleitoral me ajudou a firmar minhas convicções políticas a favor do transporte público de qualidade e sem interferência política.
A sociedade paraenses tem sua culpa nisso tudo. Está errando em escolher seus dirigentes. A saída é a melhora na escolha dos políticos pelo voto. Punindo os maus administradores e elegendo bons representantes, teremos chances de ter ar condicionado no ônibus na hora que chove e todas as janelas precisam ser fechadas.