
Voltou a tramitar no Congresso Nacional, desta feita começando pelo Senado Federal, a proposta de um novo plebiscito para criação do estado do Tapajós, após dez anos do tema ser rejeitado pela população paraense.
O tema deve ser debatido com bastante racionalidade, sem as paixões românticas bairristas que não permitem decidir-se pelo que é melhor para todos. Somos abandonados. O Pará nos explora. Belém tem tudo e Santarém não tem nada. São argumentos sobre premissas falsas.
O argumento de que só um estado menor permitirá melhor administração e mais desenvolvimento, pode ser um bom início para uma saudável discussão.
Um estado, por menor que seja, tem custo elevado com a manutenção da burocracia estatal.
Para funcionar, um estado necessita criar cargos, construir prédios, custear as despesas com os serviços básicos. Os poderes legislativos, executivos e judiciário implicam em despesas sempre muito elevadas, sobrando muito pouco do orçamento público para investimento, rubrica que financia as inovações.
Quanto ao desenvolvimento, ai o debate é bem mais interessante.
Implica em opção pelo modelo mais adequado ao território, a exploração das riquezas e a distribuição de renda.
O Pará, por exemplo, vem dilapidando seu ativo ambiental e mineral, com um modelo extrativista, injusto e predador.
O requerimento para o novo plebiscito foi apresentado por um Senador do Amazonas, que talvez esteja de olho nas próximas vagas de senador da nova unidade federativa.
Foi feito um pedido de vista pelo senador paraense Jader Barbalho.
Se for aprovado no Senado, o requerimento seguirá para a Câmara dos Deputados, que dificilmente o liberará antes das próximas eleições.
O plebiscito para criação do estado do Tapajós, embora longe de ser uma realidade, com certeza será muito bem explorado pelos candidatos a cargos públicos nas próximas eleições como um barreira para impedir que candidatos de outras regiões do estado por lá sejam votados.
Enquanto o novo estado não chega, que tal nos preocuparmos com os garimpos em terra indígena, com o avanço da soja , do boi, com a poluição dos rios, com o avanço das drogas na região e com a extrema pobreza instalada nas casas da maioria das pessoas que moram no futuro Tapajós?