
“Bom dia, Seu Zé!” – era dona Antonia, minha vizinha lá do Guamá, ao telefone, celular, no caso.
“Bom dia, dona Antonia, o que a Senhora manda” – respondi eu, do outro lado da linha, nesse caso, da antena, todo solicito, mas já me preparando para receber o petardo que vinha de lá.
“Seu Zé, minhas amigas do terço, do grupo de oração e da celula, me pediram para lhe perguntar o que é essa tal de commodities que tanto o senhor fala? – pensei como meus botões, agora foi, como vou explicar de forma simples para que ela e as amigas dela entendam!?
“Dona Antonia, commodities, é um termo inglês para mercadorias com pouca industrialização, que servem de matéria-prima no processo industrial e podem ser negociadas nas bolsas de valores. Por exemplo, a soja ou minério de ferro. A soja em grãos é exportadas para fazer óleo e ração animal. O minério de ferro faz peças para ser usadas na indústria, na construção civil ou construção naval, por exemplo. No local onde esses produtos são industrializados, eles adquiriram mais valor e geram mais emprego, do que no local onde são plantados ou extraídos. No Pará, de onde saem como matéria-prima, essas mercadorias usam muita terra, muita água, muita energia, geram pouco emprego e muitos impactos socioambiental.
Houve um silêncio do outro lado da ligação, quando eu já estava preocupado em ter confundido, mais que explicado, eis que dona Antonia, deu um suspiro e disse:
“Seu Zé, acho que entendi, a gente tem tudo e não tem nada, parece o que está acontecendo com o nosso Açaí, que eles vendem tudo pra fora e nós aqui pagamos caro pelo litro do popular”
“É isso mesmo, minha amiga, mas acredito que aos poucos o povo vai acordar e cobrar mais justiça” – dizendo assim, me despedi prometendo ir um dia tomar um café com ela e suas amigas e explicar melhor o assunto.
Ninguém produz e comercializa o que deseja, somente. E sim, o que o mercado compra.
Os produtores e mineradores não tem culpa da energia cara, da indústria deficiente e da carga tributária pesada que tornam nossos produtos beneficiados mais caros do que os processados no exterior, assim, não resta outra opção a não ser comercializar comodities. Melhor do que não ter para quem vender o produto beneficiado.
Cabe aos nossos parlamentares criar mecanismos que viabilizem o beneficiamento interno a custos competitivos.
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