
Neste dia 15 de agosto, o Pará está em festa, comemorasse a adesão do Pará a Independência do Brasil, fato ocorrido no ano de 1823. Um ano depois que o Brasil tornou-se independente de Portugal.
O fato do Pará ter aderido à Independência do Brasil não o tornou independente, mas, ao contrário, dependente dos ditames do imperador Dom Pedro I e da Corte do Rio de Janeiro. E assim tem sido até então.
Quando o Brasil transferiu sua capital para Brasília, ficando um pouco mais para o centro do território, iniciou-se o processo de nova colonização da Amazônia e ocupação recente do território paraense.
Nos últimos trinta anos, o governo central, que submeteu sempre o Pará aos seus interesses, decidiu por transformar o Estado em fornecedor de matéria-prima e commodities agrícola e minerais, impondo ao povo e ao meio ambiente um modelo de desenvolvimento excludente e altamente impactante.
Terra sem homem, para homens sem terra, diziam os militares em 1964. O Pará calou. Aceitou. Colaborou.
Hoje, o Pará é o estado que mais exporta e colabora com o saldo da balança comercial brasileira.
No entanto, a floresta, que nem sequer conhecemos, vem sendo destruída e 44% da população paraense tem renda abaixo de meio salário mínimo.
Os rios estão contaminados por mercúrio, numa voracidade de grupos econômicos em retirar o mais rápido que podem todas as riquezas do subsolo.
Os líderes portugueses de 1823 que negociaram com a Corte a rendição do Pará, continuam por aqui, através de seus herdeiros ideológico, aqueles que não passam de proxenetas das grandes empresas que exploram as riquezas que pertencem ao povo paraense, que, aliás, como em 15 de agosto, não foi ouvido e nem cheirado.
A população indígena e os negros, não eram contados pelo censo oficial. Para o qual, a população do Belém, formada apenas pelos mais ricos, únicos computados, não passava de 6.574 pessoas.
O grito dos verdadeiros paraenses foi abafado em duas ocasiões. No primeiro momento a base de cal, atirado no porão do Brigue Palhaço, com a morte de 256 líderes populares. No segundo ato, os cabanos foram derrotados, após uma revolução vitorioso, com a tomada do Palácio Lauro Sodré e um governo revolucionário.
Não podemos esquecer essa história de resistência. A luta pela independência do Pará deve continuar, agora com novo cenário e novas armas.
O cenário é o das eleições de outubro, quando escolheremos um senador e 17 deputados federais. A arma é o voto.
A arma é o voto e o alvo são os grandes e poderosos representantes das empresas mineradoras, dos pecuaristas, dos garimpeiros, dos madeireiros ilegais. Eles são os aliados da coroa portuguesa, hoje representada pelas exportações de produtos manufaturados.
Precisamos de mulheres, de indígenas, de líderes populares, de representantes que defendam a floresta, os bichos e as pessoas.