
A estrada de ferro que o chineses construirão no Pará, embora fundamental para logística, ainda não transportará os produtos paraenses oriundos da economia sustentável e da bioeconomia.
O Pará quer o desenvolvimento chegando para todos, na medida da necessidade de cada um dos cidadãos paraenses. Mas não só isso. É preciso que o desenvolvimento não destrua a natureza comprometendo o futuro da humanidade.
Estamos indo no caminho certo?
O Pará é rico em produtos oriundos da floresta e da imensidão de rios. O nosso estado é o destino logístico pelo Oceano Atlântico para Europa, America e Asia.
Os rios das maiores bacias hidrográficas convergem na direção do estado do Pará. O Estado é para onde se dirigem os formadores do Amazonas e da bacia Tocantins-Araguaia.
Apesar de ter imensas vantagens logísticas, a economia paraenses ainda está dirigida a exportação de commodities minerais e agrícola. Significa mandar para fora minério, soja, boi e madeira, como produtos semi-elaborados para serem utilizados como matéria-prima em indústrias de outros países. Até o açaí é exportado em polpa
O açaí que o Pará planta, sendo o maior produtor mundial, segue por esses caminhos em polpa, com pouquíssima agregação de valor e chega ao mundo.
Os Estados Unidos, recebe a polpa de açaí paraense e a transforma em geleia, sorvetes, cremes para pele, condicionadores de cabelos, vodca, hidratantes labiais e até chiclete. Sim, aquele chiclete de mascar também pode ser feito de açaí, acrescentando valor e gerando emprego.
Essas commodities, para chegar aos países industrializados, que ficam longe das minas, das terras desmatadas e da pobreza gerada pela brutal concentração de renda, necessitam de logísticas de transportes rápido e barato.
Na viagem a China, o Governador Helder Barbalho anunciou acordo com a empresa China Communications Construction Company (CCCC) para construção da Ferrovia Pará, uma estrada de ferro que ligará Marabá ao Porto de Vila do Conde, em Barcarena e, em um segundo trecho, ainda em planejamento, a estrada de ferro ligará Santana do Araguaia a Marabá, escoando a produção do Centro Oeste brasileiro.
A estrada de ferro, embora exclua produtos da agricultura e da indústria paraenses e não transporte passageiros, é uma boa possibilidade de transporte.
A alternativa de transporte seria a hidrovia Araguaia-Tocantins, que esbarra em um pedral de 43 quilômetros, o Pedral do Lourenço, logo abaixo da cidade de Marabá e antes de chegar a barragem da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. O derrocamento dessas rochas para permitir a passagens de comboios de balsas transportando minério e soja provoca impactos socioambientais e grande resistência por parte de ambientalistas, devido às alterações no ecossistema do rio Tocantins.
A Estrada de Ferro Pará é importante, sem dúvida, mas não pode ser exclusiva para produtos exportados para China. Será importante que seja pública e que tenha possibilidade de transportar qualquer outro produto e até passageiros.
O Pará, para trazer felicidade aos seus moradores, carece de planejamento e investimento para industrializar as matérias-primas que produz e com isso inverter o modelo concentrador de renda, devastador dos recursos naturais, caminhando para um modelo mais distributivo e ambientalmente sustentável, colaborando para evitar as mudanças climáticas e as emissões de gases de efeito estufa.