
O povo do Pará tem IDH baixo, mas não é só por causa da ausência de infraestrutura. A pobreza decorre de muitos outros fatores como, por exemplo, a brutal concentração de renda gerada por um modelo que exclusivamente exporta matéria prima in natura por grandes empresa transnacionais.
A estrada de ferro Ferrovia Pará é muito importante, sem dúvida, retirará muitos caminhões que deixarão de emitir gases poluente e destruir a estrada, mas é bom e faz bem para consciência geral dizer que servirá apenas ao transporte de minério e commodities agrícolas. Por essa estrada, pelo menos não está previsto, não vai passar os produtos da agricultura orgânica, familiar e sustentável.
O açaí, por exemplo, o Pará é um grande produtor mundial, mas é o EUA o país que mais produz produtos a base de açaí, como: cosméticos, xampus, geleias, chicletes, sorvetes. Isso pode e deve ser diferente. Podemos produzir todos esses produtos no Pará por paraenses, gerando mais renda para quem planta e cuida dos açaizais.
Pela estrada de ferro não serão transportados os milhares de paraenses das cidades por onde os trilhos vão passar.
É preciso, lutarmos, todos, mas todos mesmo, por pesquisas cientificas sobre a Amazônia e seus produtos bioeconômicos e biofarmacos. Precisamos de linha de créditos. Precisamos de fomento e respeito ao saber e a força de trabalho do povo amazônico.
Que venham as estradas de ferro e os hidroaviões para o progresso, mas com sustentabilidade, respeito e menos concentração de riquezas. Pensar assim não é ser de esquerda ou direita e nem de oposição a Estrada, mas é ter bom senso e pensar o futuro das próximas gerações.