
O senador Eduardo Girão, do Partido Novo, tentou dar ao ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, um boneco de plástico, representando um feto de 11 semanas. O Ministro se recusou participar da encenação do Senador, não aceitando a ofensa e informando que será pai de uma menina em poucas semanas.
O gesto de Senador Girão é o que a internet denomina de lacração e serviria para criar conteúdo visual para suas redes de apoiadores, descontextualizando a audiência e a própria razão de ser da atividade parlamentar.
O parlamentar é eleito para se debruçar sobre os problemas da comunidade nacional e sobre esses esboçar soluções possíveis, usando como ferramenta principal os argumentos, razão que justifica a denominação parlamentar, do latim parlare.
O senador deixou de ser um parlamentar para se comportar como um parlapatão, fazendo, como sempre faz, parlapatices.
O que é o senador fez foi usar o dinheiro público para lacrar. A lacração é um termo político e significa atos histéricos, escandalosos ou ridículos que agridem a sociedade com o intuito de impor que algo seja aceito com naturalidade.
O tema aborto é um tema complexo e requer um debate também complexo, onde não cabe lacração. Muito menos feita por quem foi eleito para ter um comportamento acima da média de seus representados.
A lição que o Ministro, com toda elegância, aplicou ao Senador Girão, deve ser aplaudida por todos nós e se o Parlamento brasileiro fosse sério, aplicaria uma pena de advertência pública ao parlapatão.